RESENHA
EGIPTOMANIA:
O EGITO NO BRASIL
Amanda
Martins Hutflesz1
Margaret Marchiori
Bakos é Doutora em História pela universidade de São Paulo (USP).
Fez Pós Doutorado em Egiptologia no University College London, é
professora adjunta da Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul (PUCRS). É coordenadora do projeto Egiptomania no
Brasil (CNPQ). Além desta publicação, a autora tem diversos
artigos publicados sobre temas relacionados ao Egito Antigo. Drª
Margaret atua como organizadora desta obra que teve sua publicação
pelo Editoral Paris, no ano de 2004.
Esta obra se
encontra aqui disponibilizada de forma resumida, e conta com 191
páginas e organizada em 13 capítulos. Cada capítulo do presente
livro trará assuntos que abordam o Antigo Egito em algum de seus
múltiplos aspectos. Faz-se necessário explicitar ainda que, este
livro foi fruto do trabalho de vários egiptólogos brasileiros, e
foi escrito com a colaboração de todos eles. Assim, colaboraram
alguns doutores em História Antiga, professores e demais
colaboradores os quais atuam academicamente dentro do tema do estudo
em Egito Antigo.
Além da pesquisa
desenvolvida pela Drª Bakos, a obra traz capítulos escritos pelos
seguintes Egiptólogos: Dr. Antônio Brancaglion Jr.2,
Dr. Moacir Elias Santos3,
Drª Márcia Raquel Brito4,
entre outros. Contamos ainda com a participação do Historiador,
Doutor Ciro Flamarion S. Cardoso5,
falecido em setembro de 2013.
Ao final de cada
capítulo, o leitor pode encontrar diversas notas explicativas e
referências bibliográficas, já que se encontram disponibilizadas
ao decorrer das laudas, para melhor orientar a leitura e a pesquisa
daqueles que, tencionam escrever sobre os temas descritos em cada
parte desta obra.
No início do livro,
logo na segunda página encontramos a imagem da Pedra de Roseta, a qual,
já no começo século XIX, possibilitou ao francês François
Champollion, decifrar o significado da escrita
hieroglífica, o que antes se fazia inviável para muitos estudiosos, já que
a Pedra foi escrita em Grego, Demótico e Hieroglífico.
A
organização do sumário segue abaixo disposta:
1-
Introdução;
2-
Como o Egito chegou ao Brasil;
3-
Coleções Egípcias no País;
4-
A presença do Egito Antigo nos cemitérios;
5-
Arquitetura Egípcia entre nós;
6-
Obeliscos Brasileiros;
7-
Arte e decoração Egipcíaca;
8-
Festas, carnaval e Egito Antigo;
9-
A Ordem Rosacruz e a Arquitetura Egípcia;
10-
Marketing e Egito;
11-
O Egito na sala de aula;
12-
Egito na Poesia Brasileira;
13-
Egiptomania na Literatura.
Como mencionado
acima, a organização do livro é feita pela Drª Margaret, e tem
sua introdução escrita pela própria professora. Aqui, ela nos
explica o como o Egito “chegou ao Brasil”, e disponibiliza além
de textos, diversas imagens, hinos, preces egípcias, e escreve-nos a
respeito da grande influência egípcia na arquitetura, escultura e
pintura no nosso País.
No capítulo
reservado para a Introdução, Bakos nos chama à atenção para a
grande curiosidade que impulsiona o trabalho dos profissionais da
área de Egiptologia e Arqueologia, bem como amor de todos aqueles,
os quais são constantemente atraídos pelo assunto “Antigo Egito”
e “Egito Faraônico” e mais por tudo o que contempla este
incrível universo temático e histórico, repleto de mistérios,
ritos, mitos, magia, exoticismo que encanta há centenas de pessoas
ao redor do mundo, desde os primórdios da humanidade.
A autora discorre
também sobre o trabalho sério e empenhado dos arqueólogos, que,
através do resultado de suas múltiplias pesquisas, auxiliaram na
elaboração e publicação desta obra, até então de caráter
inovador e inédito para a época. Margaret trabalha com a
fundamentação teórica de Jean-Marcel Humbert, o qual é
considerado academicamente, como uma autoridade no assunto da
Egiptomania, e possui reconhecimento internacional sobre essa
temática.
Margaret traz à
tona a História da Egiptomania, sua expansão e divulgação no
Ocidente, e também informa ao leitor que, foi no século XIX, que a
Família Real Portuguesa (que já se encontrava vivendo no Rio de
Janeiro desde a chegada da Côrte, em 1808) passa a explicitar mais
fervorosamente, seu grande interesse em colecionar objetos egípcios.
Assim, Foi nosso primeiro Imperador, D. Pedro I quem “a
priori”,
comprou de um homem chamado Nicolau Fiengo em 1824 diversas peças
egípcias no Porto do Rio de Janeiro. Eram artefatos de valor
religioso, e inclusive havia algumas múmias para a venda.
Percebemos ainda
através da leitura deste livro que, já o nosso segundo Monarca, Dom
Pedro II, e a sua Família Imperial Brasileira, possuíam da mesma
forma, um grande interesse pela Civilização Egípcia. Portanto, D.
Pedro II chegou a viajar para o Oriente duas vezes (1871 e 1876),
escreveu no Egito um diário de viagem, (em francês) e chegou
inclusive a ganhar de presente do cadiva local, uma múmia, chamada
de Sha Amun En Su (os campos verdejantes de Amon) que manteve consigo
em sua residência no Rio, desde quando a recebeu do chefe de Estado
egípcio (1876) até que esta fosse ser exposta em um museu.
Atualmente, a
Coleção Egípcia pertencente à Família Imperial Brasileira e à
Família Real Portuguesa, se encontra em exposição, na sala egípcia
do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, no
Rio de Janeiro.
Além deste fato que
Margaret Bakos menciona neste trabalho, a Dr.ª cita também, a
figura singular do Imperador Augusto, que em Roma, com o propósito
de demonstrar ao povo poder e grandeza, além de tudo, agiu motivado
pelo seu imenso sentimento de vaidade, e acabou por providenciar o
deslocamento de alguns obeliscos e monumentos egípcios do Egito para
Roma.
Já nas páginas que
se seguem, alguns egiptólogos como o Dr. Antõnio Brancaglion Júnior
expõe para o leitor, curiosidades a respeito de colecionadores
brasileiros que, constantemente estavam em busca de peças egípcias
para comprar e com isso, decoravam também suas residências. Alguns
colecionadores, até mesmo ganhavam as peças egípcias de presente,
ou compravam em suas viagens pelo mundo e ao Egito.
O uso de artefatos
egípcios é mencionado como forma de decoração no interior dos
ambientes, constantemente agrada a centenas de pessoas, já que,
esses lindos objetos tendem a fascinar a todos, e despertam um
sentimento de paixão e fascínio a sua volta. E isso ocorre tanto
aqui, no Ocidente, bem como no próprio Oriente. Um número enorme de
pessoas coleciona artefatos egípcios em casa. Essa prática ocorre,
principalmente por parte dos milionários, já que viajam muito e tem
livre para poder freqüentar constantemente os leilões. Esses
indivíduos se tornam muitas vezes colecionadores de objetos
egípcios. Eles compram, em geral, suas relíquias em leilões,
importam do mercado negro, ou até mesmo, trazem do Egito de forma
ilegal.
Ao lermos o livro
até o fim, chegamos à conclusão de que: Como não amar uma
História que trata de tantos assuntos a respeito do Egito Antigo?
Pirâmides, múmias, sarcófagos, gatos, pássaros, touros, estátuas,
grandiosos monumentos feitos para alcançar a eternidade, amuletos,
rituais de teor mágico, cuja essência sempre nos pareceu
enigmática, porém interessante. Um mundo exótico, sempre envolto
em uma áurea de mistério, repleto de deuses, hinos, livros
sagrados, preces e encantamentos, demonstrando que, para os egípcios,
o mundo espiritual, estava constantemente conectado com mundo físico.
A esfera religiosa caminhava lado a lado com a esfera política e
econômica. Havia a crença de que tudo estava interligado; E assim,
os homens almejavam alcançar o “Status
Quo”
dos deuses, tão rápido isso lhes fosse possível durante sua vida
aqui na terra.
Esta publicação
traz imagens de construções com temas egípcios, deuses,
hieróglifos, pinturas egípcias em grandiosos monumentos. Pois
sabemos que, muitas construções eram dedicadas aos mais poderosos
faraós do Egito Antigo, e atuavam como sinônimo de poder e
afirmação perante o povo, simbolizando assim, o caráter divino e
supremo dos monarcas.
Os egiptólogos
também escrevem a respeito de propagandas e marketing desenvolvidos
em épocas e cidades distintas, usando o tema de Egito. Com isso, a
divulgação ganhava espaço, aumentava e as vendas para os
empresários, gerando lucro certo e garantido. Vender o nome “Egito”
passou a ser mais eficaz. Chamava mais à atenção das pessoas para
a compra ou contratação de serviços publicitários.
Logo adiante, o
leitor poderá obter mais informações nas páginas que tratam dos
conhecimentos a respeito da Ordem Rosacruz,e adentrar em sua
História. Para tanto, Bakos conta com a experiência e o auxílio de
alguns profissionais da área de História, tais como da Historiadora
Vivian Noitel Valim, 6do
Dr. Moacir Elias7
e do professor pesquisador Thiago José Moreira8
para desenvolver o texto o qual compõe este capítulo.
Os autores escrevem
aqui, escreverão suas narrativas e experiências, suas Histórias
sobre o Egito Antigo. E por isso, conseguimos desta forma, depreender
melhor todo o caráter místico das representações artísticas
desenvolvidas sobre a arte egípcia, a pintura, a escultura é
incrível, além de esteticamente atraente aos olhos. O próprio
processo da mumificação do corpo do falecido, pelo qual era
fundamental passar e que possibilitava que o espírito (ou Alma) do
morto pudesse viver eternamente. O Egípcio Antigo ainda em vida
almejava, mais do que tudo, conseguir chegar ao Além, livre de todos
os perigos do Pós-Vida. E, para tanto, precisava contar com o
auxílio dos sacerdotes e embalsamadores, para que, através das
práticas religiosas e funerárias (que variavam de período e de
local).
O Dr. Ciro
Flamarion9
encerra as Histórias desta obra, falando do papel da Egiptomania na Literatura. Ele nos explica o significado dos termos:
Egiptologia: É a
ciência dedicada a estudar o Antigo Egito;
Egiptofilia: É a
busca constante e apaixonada pela aquisição de artefatos egípcios.
Egiptomania:
Reinterpretação e reutilização de traços específicos da Cultura
Egípcia
Vale muito a pena
para todos os interessados em estudos sobre Egito Antigo, tomar
conhecimento ainda das páginas finais da presente publicação.
Pois, é possível encontrar uma grande quantidade de obras para
referência bibliográfica.
BAKOS,
Margaret Marchiori, (Organizadora). Egiptomania: O Egito no Brasil.
São Paulo: Paris Editorial, 2004.
1 Amanda Martins Hutflesz é professora de
História e possui Licenciatura e Bacharelado no Curso de História,
pela Universidade Católica de Petrópolis (2011). Iniciou segunda
graduação no curso de Línguas Inglesas (Universidade Estácio de
Sá/2016); Cursou especialização em Língua Inglesa na área de
Egiptologia (Coursera - Plataforma online), sob orientação dos
Doutores David P. Silverman e Joyce Tildesley; Pós Graduanda em
Cultura Afro-Brasileira (UNOPAR); Freqüentou os cursos de
especialização em Língua Egípcia e Religião e Arqueologia
Egípcia (UFRJ-UERJ/ 2014-2015); Atualmente é membro e pesquisadora
do Grupo de Estudos GEKemet (UFF) com ênfase em Egiptologia e
Arqueologia Egípcia e pesquisadora e colaboradora do NEA – Núcleo
de Estudos da Antiguidade (UERJ).
2
Dr. Antônio Brancaglion Jr. é Doutor em História pela
Universidade de São Paulo (USP); professor adjunto do Museu
Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); É
Egiptólogo e Responsável pela Coleção Egípcia do Museu Nacional
(UFRJ); Pesquisador Visitante do Institut Française d'Archéologie
Orientale du Caire (IFAO); Professor e Orientador do Programa de
Pós-Graduação Mestrado e Doutorado em Arqueologia do Museu
Nacional (UFRJ); Professor e Orientador do Programa de Pós-Graduação
em Estudos Judaicos e Árabes ( FFLCH-USP); Professor Colaborador
do Curso de Pós-graduação em História da Arte (FAAP);
Coordenador do Seshat (Laboratório de Egiptologia do Museu
Nacional-UFRJ).
3 Dr. Moacir Elias Santos possui graduação em
Arqueologia pela Universidade Estácio de Sá (1999), Mestrado em
História Social (Setor temático de História Antiga e Medieval)
pela Universidade Federal Fluminense (2002), com dissertação na
área História Antiga (Egiptologia), e doutorado em História
Social também pela Universidade Federal Fluminense (2012), com tese
na área História Antiga (Egiptologia), sob orientação do Prof.
Dr. Ciro Flamarion Cardoso. Seu pós-doutorado em História foi
realizado na Universidade Estadual de Ponta Grossa (2014), com uma
pesquisa sobre “Usos do Passado” nos cemitérios paranaenses.
Atualmente é professor de História Antiga e Arqueologia do Centro
Universitário Campos de Andrade, em Curitiba, onde desenvolve
pesquisas e orienta projetos de graduação. Também coordena,
leciona e orienta no Curso de Especialização (Lato Sensu) em
História Antiga e Medieval das Faculdades Itecne, em Curitiba. Tem
experiência na área de História, atuando principalmente nos
seguintes temas: História Antiga, Egiptologia, Arqueologia e
Egiptomania.
4
Drª Márcia Raquel Brito possui Mestrado em História pela
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2007). É
professora de história e ciências sociedade e Valores da Escola
Técnica Dimensão. Tem experiência na área de História, com
ênfase em História, atuando principalmente nos seguintes temas:
Egiptomania, marketing e obeliscos.
5
Ciro Flamarion Santana Cardoso foi professor titular de História
Antiga da Universidade Federal Fluminense (UFF); Doutor pela
Universidade de Paris X; membro do Centro de estudos
Interdisciplinares da Antiguidade (UFF). O Doutor Ciro Santana
Faleceu em setembro de 2013.
6
Vivian Noitel Valim Tedardi é Historiadora, Coordenadora do
Centro Cultural AMORC.
7
Op., Cit., p. 2.
8
Thiago José Moreira é pesquisador do Museu Egípcio
Rosacruz e professor de História o Ensino Médio e Fundamental
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