"A FUNÇÃO DO AMULETO CORDIFORME NAS REPRESENTAÇÕESNFUNERÁRIAS DO RITUAL DE PURIFICAÇÃO NO ANTIGO EGITO"
AUTOR: ROGÉRIO FERREIRA DE SOUZA - LISBOA - 2009
REVISTA ARTIS, N. 7, DEZEMBRO, 2009, INSTITUTO DE HISTÓRIA DA ARTE DA FACULDADE DE LETRAS DE LISBOA
"No âmbito dos rituais funerários, a elevação da múmia nos montes de areia, procurava reanimar o defunto, identificando-o com o sol. Este ritual era celebrado sobre a múmia, a qual era colocada à entrada do túmulo, de modo a ser banhada pelos raios solares. A múmia era voltada para o sul, numa altura do dia em que o sol já se erguia bem alto no céu. Enquanto era banhada pelos raios solares, a múmia também era purificada com a lustração que simbolizava a água do Nun, o oceano primordial que purificava o deus sol, antes do seu despontar no horizonte. De modo idêntico à luz solar, a água da lustração mergulhava o defunto no tempo cíclico e permitia o seu rejuvenescimento através do regresso do tempo primevo, redimindo-o da morte e infundindo uma vida nova graças ao seu poder divino e santo. (...) Deste modo, para além do significado regenerador, esta cerimônia conferia um estatuto divino e assinalava o despertar do defunto para seguir o percurso do sol no mundo terreno. O imaginário da criação do mundo, assimilava-se deste modo, ao início de um novo dia, e à possibilidade de o defunto poder acompanhar o percurso do sol na barca diurna de Re. A lustração solar, assegurava a imortalidade na medida que garantia a possibilidade do defunto poder sair para o dia."
(SOUSA, 2009: pgs.35-37)
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